Amor é o Encontro com a Verdade de Cada Um

Escolher o amor é encontrar
e descobrir quem é para nós.
Isto não quer dizer apontar quem
pode ser um bom marido,
uma boa esposa, o amante,
a namorada.
Tem a ver com intuição e eleição.
E independência.

Sim,
escolher o amor é exercer
a independência.

E,
em nome desta independência,
serão aceitas todas as
dependências naturais,
aderentes à relação.

Parece contraditório,
contudo não é.

Só quem está inteiro na sua
escolha e é total na direção de seu
destino aceita as inevitáveis
dependências naturais na
vida e no amor.

É que,
na escolha do amor,
está o encontro com a verdade
individual e profunda de cada ser,
uma verdade sem disfarces,
que liberta.

Quem chegou ao amor
por independência terá aceito
a carga de sofrimentos,
sustos,
solidão e agressões aí originados.

Não considera dependentes certos
atos em prol do ser amado que,
em outro contexto,
seriam feitos com sacrifício,
ou pareceriam servidão.
E, assim livre,
consegue ser feliz nas
dependências naturais do amor.

Como o amor,
a independência é filha da crise.
Escolher caminhos ou pessoas
é sempre crise, é conflito.
Implica abrir mão,
deixar, renunciar, abandonar,
para operar a (nova) escolha.

E o que se deixa,
larga ou abandona,
também dói, fere, dá culpa,
sobretudo se não nos é
indiferente ou descartável.

Escolher é, pois, viver a crise.
Também.

O verdadeiro sentido da
palavra crise é dividir,
separar.

Provém do grego krisis.
Krisis é o ato de escolher,
de separar, de julgar.
É escolha, julgamento,
eleição, divisão.

Ao ter que escolher,
somos tomados por uma crise,
vale dizer,
por uma divisão.
O fato de estar dividido,
fragmentado pelos vários pólos
de cada escolha é um ato crítico.

Crise é, portanto,
uma situação completa de escolha
de caminhos ou decisões.

Não há independência sem crise.
Logo, não há amor sem crise.
E o amor só se torna feliz,
se pode escolher e ser escolhido
num misterioso ato
completo de liberdade.

TEXTO: Artur da Tavola

* * * * *

Texto lido no programa
"Madrugada Viva Liberdade FM"
no quadro
"Momento de Reflexão"
no dia 12 de Junho de 2.009.

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