COBRANÇA

Poucas atitudes são
tão destrutivas para as relações
como a cobrança.
Ela pressupõe que estamos
separados em níveis diferentes:
eu credor, você devedor;
eu sei, você não sabe;
eu tenho meus direitos,
você é o transgressor;
eu tenho razão,
você não tem;
eu sou o ofendido,
você é o ofensor...

A cobrança nos sinaliza
que a relação,
qualquer relação,
virou luta, virou briga!

Não percebemos que,
quando mantemos crenças absurdas,
idealizadas,
achamos que os outros
deveriam ser diferentes do
que são para atender às nossas
expectativas e passamos a vê-los
como eternos devedores
que falharam aos nossos desejos
ou não reconheceram,
com gratidão,
tudo que fizemos por eles.

Acreditar nisso nos leva à frustração,
à raiva, à revolta, à mágoa,
ao ressentimento...
e reagimos a esses
sentimentos com Cobrança
àqueles que nos decepcionaram!

Nada pode ser mais irritante,
ameaçador e opressivo que
cobradores à nossa porta.
Imagine só cobradores
na nossa família,
na nossa casa,
no nosso quarto,
na nossa cama!

A triste ironia é que,
quanto mais perseguimos
com cobranças cada vez mais
agressivas e chorosas
(mesmo que “por amor”)
mais o outro foge,
resiste e luta.
Ele defende suas posições,
não quer mais ouvir,
negociar, mudar.
Reage com silêncios hostis
ou com contra-argumentos
igualmente raivosos e magoados
que cada vez mais nos separam.

Tanto as cobranças como
os revides se repetem como
discos rachados.

Alguém já disse:
“brigamos sempre as mesmas brigas”.
Ninguém muda,
só a relação que definha,
encalha e morre.

A mim parece que a saída
para esse impasse nas relações é,
antes de mais nada,
reconhecer que pensar e
agir dessa forma não tem dado
bom resultado,
só nos tem trazido dor
e afastamento.

Abrindo nossa mente
podemos entender que ninguém
é responsável por nossos desejos,
expectativas e felicidade
(mesmo que tenham se
comprometido a isso num momento
de paixão ou engano).

Não tenho também o poder
de modificar ninguém,
mesmo com cobranças,
ameaças, lamúrias,
manipulações...

Compete a mim, sim,
usar minha coragem
e honestidade para estabelecer,
comunicar e honrar meus limites,
o espaço que me é necessário
nas relações
(comunicar os meus limites
e não tentar impor ou modificar
os limites do outro).

Com assertividade e firmeza,
saber me colocar nas relações
do modo que me convém
ou até mesmo ver até onde
ela me convém.

É isso:
jamais cobrar – apenas respeitar
e dar-se ao respeito.

“O bom cabrito não berra”,
nem se deixa manipular pelos
berros dos outros.

TEXTO: Maria Tude
FONTE: http://mariatude.blogspot.com/
* * * * *
Texto lido no programa
"Madrugada Viva Liberdade FM"
no quadro
"Momento de Reflexão"
no dia 28 de Janeiro de 2.011.

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