O amor mais que romântico

Quando era criança,
assistia a filmes e
novelas românticas e pensava:
será que um dia escutarei
“eu te amo” de alguém?
É bem verdade que
ouvia todo dia
da minha mãe,
mas não era do mesmo
jeito que o Francisco
Cuoco dizia para a
Regina Duarte.
Eu sonhava com o
“te amo” apaixonado,
dito por um homem
lindo,
e com a voz um pouco trêmula,
para deixar sua emoção
bem evidente.
Será que era invenção
do cinema e da tevê,
ou essas coisas poderiam
acontecer mesmo?

Passou o tempo.
Cresci,
ouvi e retribuí.
Clichê?
Que seja,
mas não há quem
não se emocione ao
escutar e ao dizer,
ao menos nas primeiras vezes,
em pleno encantamento
da relação,
quando a declaração
ainda é fresca,
pungente, verdadeira,
a confirmação de algo
estupendo que se está
experimentando,
um sentimento por fim
alcançado e que se
almeja eterno.
Depois ele entra no
circuito automático,
vira aquele “te amo”
dito nos finais dos
telefonemas,
como se fosse um
“câmbio, desligo”.

O tempo seguiu passando,
e me encontro aqui,
agora, descobrindo
que há outro
tipo de “te amo”
a ser escutado e falado,
diferente dos que
acontecem entre
pais e filhos e
entre amantes.
É quando o “te amo”
não é dito a fim de
firmar um compromisso,
para manter alguém
a par das nossas
intenções ou experimentar
uma cena de novela.

Ele vem desvinculado
de qualquer mensagem
nas entrelinhas,
não possui nenhum
caráter de amarração
e tampouco expectativa
de ouvir de volta um
“eu também”.
É singular.

Estou falando do
amor declarado não
só quando amamos
com romantismo,
mas também de
outra forma.

Explico:
tenho dito “te amo”
para amigas e amigos e
escutado deles também.
Amor por pessoas que
não conheci ontem num bar,
e sim por quem já
tenho uma
história de vida
compartilhada.
Amor manifestado
espontaneamente àqueles que
não me exigem explicações,
que apoiam minhas maluquices,
que fazem piada dos
meus defeitos,
que já tiveram acesso
ao meu raio X emocional e sabem
exatamente o que levo dentro
– e eu,
da mesma forma,
tudo igual em relação
a eles.
Mais do que nos amamos
– nos sabemos.

É um “te amo”
que cabe ser dito
inclusive aos ex-amores,
ao menos aos que
nos marcaram
profundamente,
aos que nos auxiliaram
na composição do que
nos tornamos,
e que mesmo nos tendo
feito sofrer,
foram fundamentais
na caminhada rumo ao
que somos hoje.
E indo perigosamente
mais longe:
esse ex-amor pode ainda
ser seu marido ou sua mulher,
mesmo já não fazendo seu
coração saltar da boca.
Pelo trajeto percorrido,
e por ter alcançado o posto
de um amigo mais que especial,
merece uma declaração
igualmente comovida.

É quando o “eu te amo”
deixa de ser sedução
para virar celebração.

TEXTO DE: Martha Medeiros
* * * * *
Texto lido no programa
"Madrugada Viva Liberdade FM"
no quadro
"Momento de Reflexão"
no dia 12 de Junho de 2.015.
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