Você não é obrigado a estar bem o tempo todo

Até o mais otimista dos homens e o mais influente dos gurus tem lá os seus medos e sombras para lidar. Somos seres humanos, o que significa que, não importa em que estágio da vida estamos, todos nós ainda temos o que ensinar e o que aprender uns com os outros. 

Todos nós nos sentimos tristes e inseguros de vez em quando. E todos nós temos, sim, uma necessidade inerente de aceitação e pertencimento, porque só se reconhece a própria existência quando se reconhece a existência do outro também. Somos como espelhos.

Num mundo em que somos julgados por absolutamente tudo o que fazemos, mesmo que de forma inconsciente, o sentir-se mal por qualquer coisa que seja tornou-se quase que um pecado mortal, como se a revolta, a raiva, a angústia, a pressão e tudo mais que às vezes a gente sente, sim, fossem emoções indignas de pessoas adultas, evoluídas, gratas e de bem com a vida. E então vem a culpa. “Você não pode se sentir assim”; “Sentir isso é errado”; “Você não é tão boa quanto achava que era”. E por aí vai.

A verdade, no entanto, é que ninguém é obrigado a estar bem o tempo todo. E que aceitar e respeitar as nossas emoções e sentimentos, independentemente de serem bons ou ruins, é fundamental para que a gente entenda por que eles vieram e o que podemos aprender com eles. 

Se algo se transmutou em emoção dentro de você, é porque algum pensamento seu desencadeou um sentimento alinhado a essa emoção. E essa emoção sempre tem a ver com você, sempre. Não é o outro, sou eu. Não é por ele, é por mim. Fazer de conta que não sente não vai te ajudar. Varrer o que quer que seja para debaixo do tapete não muda nada, só disfarça. 

É como jogar todas as suas roupas e tralhas dentro do armário só para passar a impressão de que o quarto está arrumado, quando, por dentro, você sabe que está tudo uma bagunça. Que basta abrir uma frestinha da porta para tudo despencar.

E então às vezes é mesmo preciso olhar para dentro, sem receios ou vergonha do que vai encontrar dentro desse armário. E sentir, simplesmente sentir até a última gota, para que depois de experienciar esse sentimento, você possa tomar consciência e escolher o que fazer com ele a partir de então. Tirar a mão do fogo? Ou continuar com ela ali, ardendo em brasa?

O sofrimento é opcional, sim, mas, às vezes, antes da tomada de consciência, ele é um pouco necessário, principalmente quando a gente insiste em cultivar a dor sem saber exatamente por que estamos fazendo isso. Ou quando, extasiados pela alegria, talvez não conseguíssemos aprender o que precisávamos naquele momento. A tristeza ensina, pontualmente, o que ela tem que ensinar. Depois ela passa. O ciclo se encerra. E tudo bem. Bola pra frente. A vida continua.

Quando a tristeza vier, aceite-a. Não fique lutando contra ela, num gasto de energia desnecessário, porque da mesma forma que ela veio, ela irá embora.

Aceite-se também. Não fique se julgando ou se criticando por estar triste. Pegue mais leve com você. Você não é obrigado a estar bem o tempo todo, a sorrir o tempo todo, a se sentir alegre e satisfeito o tempo todo. Simplesmente sinta. E, depois de senti-la, depois de experimentá-la e aprender com ela, deixe ir.

A cada novo desafio ou dificuldade que enfrentar na vida, ao invés de se culpar, de procurar culpados ou de tentar carregar o peso do mundo nas costas, faça como a criança que você era, quando ainda estava aprendendo a andar: a cada queda, tenta de novo. E de novo. E de novo.

E se o caminho estiver difícil demais e você precisar pedir ajuda em algum momento, peça. Pedir ajuda não vai fazer de você menos adulto, mas, sim, mais humano.

TEXTO DE: Ana Paula Ramos
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Texto lido no programa "Madrugada Viva Liberdade FM" no quadro "Momento de Reflexão" no dia 13 de Março de 2.017.
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